Agricultoras e agricultores do projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos conhecem experiências exitosas no Piauí
Comitiva visitou as comunidades Quilombo Lagoas e o Assentamento Novo Zabelê

De São Raimundo Nonato (PI)
O segundo dia de atividades do lançamento do projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos que ocorreu na última quarta-feira (07) no município de São Raimundo Nonato, na Serra da Capivara (PI), foi dedicado às visitas em campo e trocas de experiências entre os agricultores e agricultoras dos sete territórios do Semiárido que participarão do projeto pelos próximos dois anos. A comitiva visitou as comunidades Quilombo Lagoas e o Assentamento Novo Zabelê. O projeto é uma iniciativa da Diaconia, em parceria com a Embrapa Algodão, a Universidade Federal de Sergipe, ONGs e OPACs.

A primeira troca de experiências aconteceu na comunidade Lagoa dos Prazeres, quando o grupo foi conhecer a área de plantio de algodão consorciado do agricultor Manoel Aragão, mais conhecido como Seu Nezinho, que também está à frente da Associação dos Produtores Agroecológicos do Semiárido Piauiense (APASPI). Uma área de 1,8 hectares que produziu este ano 340 kg de algodão em rama, 129 kg do produto em pluma, além do milho (180 kg), feijão verde (72 kg), feijão seco (180 kg), melancia (3 mil kg) e jerimum (15 kg). ‘Esta é uma área muito antiga, dos meus antepassados que estava degradada, sem vida até 2010. Era dura, seca, sem nada. Tivemos muito trabalho para transformar esse chão. Mas hoje ele dá o sustento necessário para nossa família. Metade dessa área é destinada ao algodão, uma cultura resistente igual a mim, à minha história”, disse emocionado Seu Nezinho. Para combater a lagarta rosa e o bicudo — que prejudicam a cultura do algodão -, o agricultor utiliza o biofertilizante. Para a manutenção da fertilidade do solo, o agricultor utiliza a prática de rotação de culturas em faixas, adubação com esterco de caprinos e a manutenção dos resíduos orgânicos sobre o solo.

Em seguida, o grupo foi ao Assentamento Novo Zabelê visitar os dois hectares de terra do agricultor Francisco das Chagas Pereira, Seu Dedê, que também planta algodão, outras culturas e ainda é apicultor e criador de vacas. No roçado agroecológico dele, foram colhidos 150 quilos de algodão em rama, 900 kg de milho e 240 kg de feijão. A produção de algodão do Seu Dedê, assim como as das demais famílias, sai direto do campo para a unidade de descaroçamento onde é possível separar a pluma do caroço. A unidade ainda realiza a extração do óleo do caroço para comercialização. “Eu sou um dos primeiros agricultores de algodão aqui da região. E digo que é uma cultura que nos proporciona uma fonte de renda a mais. É um produto que tem mercado para a gente vender”.
O grupo finalizou o dia bastante animado com as experiências vistas. O jovem agricultor Rômulo Miranda de Maceno, técnico em agropecuária do município Coronel José Dias, na Serra da Capivara, se mostrou interessado em levar o projeto do Algodão para a comunidade onde ele mora. “Ultimamente, os membros da comunidade estão desestimulados por não terem incentivo do governo ou das ONG’s, com exceção do apoio da Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato. E agora temos esse projeto que está nos mostrando que é possível produzir na nossa região e obter lucro. Precisamos diversificar nossa fonte de renda sem agredir o meio ambiente”. A agricultora do Alto Sertão Alagoano, Edineide Nascimento Porfírio, acrescentou dizendo da gratidão de estar nesse projeto. “Estou levando um caderno cheio de conteúdo, experiências e aprendizado. Tudo para passar adiante para as famílias agricultoras da minha comunidade, em Mata Grande. Estou muito agradecida por esta oportunidade”.

O encontro finalizou com a primeira reunião do Comitê Consultivo do projeto, que reuniu todas as entidades parceiras com a finalidade de acompanhar a execução do projeto.
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