Experimentado pela agricultura familiar, protocolo de pós-colheita do gergelim com certificação orgânica participativa assegura qualidade para comercialização dos grãos e avanço da cadeia de valor
Por Acsa Macena
Ao longo de 5 anos de caminhada, o Projeto elaborou um conjunto de protocolos com regras e boas práticas sobre o processo de pós-colheita de culturas alimentares para além do algodão, que serve para orientar a agricultura familiar, assessoria técnica, gestores/as públicos/as, estudantes e professores/as.

Saber o momento certo de realizar a colheita da produção do campo é crucial para evitar prejuízos. Para além disso, o correto processo de pós-colheita é passo importante para assegurar a qualidade dos grãos que serão beneficiados. Pensando nisso, o Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, coordenado pela Diaconia, tem desenvolvido estratégia de geração e sistematização do conhecimento junto a agricultura familiar, a partir da criação de protocolos que visam facilitar o entendimento sobre as etapas de plantio, convivência com os insetos, colheita, pós-colheita, beneficiamento e comercialização. Veja no Youtube: https://www.youtube.com/@projetoalgodaoemconsorcios/videos
Especificamente os protocolos de pós-colheita de culturas alimentares como o amendoim, girassol, milho, feijão e gergelim, têm sido utilizados na base por 7 organizações da agricultura familiar – associação rurais de certificação orgânica participativa – que já têm contratos de venda antecipada para o gergelim com certificação e em transição para certificação orgânica.
“Antes do Projeto a gente não sabia como fazer, a gente não sabia nem por onde começar e produzíamos de todo jeito. E isso foi uma coisa que veio para melhorar a vida da gente, com essa oportunidade e incentivo do Projeto, mostrando como podemos fazer e cada dia que passa vamos aprendendo cada vez mais”, afirma a agricultora Terezinha Medeiros, ligada à Associação de Agricultoras e Agricultores Agroecológicos do Araripe (ECOARARIPE), um dos 7 Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPAC) apoiados pelo Projeto no Semiárido e que confere a qualidade orgânica em Unidades Familiares Produtivas (UFPs) através do Sistema Participativo de Garantia (SPG).

“O protocolo visa criar boas práticas de colheita, armazenamento e limpeza dos produtos, onde através dela vamos eliminar alguns insetos primários como o gorgulho e as traças para evitar as perdas que ocorrem no processo de colheita, principalmente no gergelim. Então esse processo está sendo construído para orientar aos agricultores e agricultoras na preparação do produto pós-colheita a ser levado ao mercado orgânico”, explica Helio Nunes, consultor do Projeto/ Diaconia.

Assista o vídeo e saiba como a agricultora realiza o processo de pós-colheita do gergelim, que se divide em etapas importantes como a bateção para limpeza dos grãos, a peneira e a ventilação.
Acesso a mercados e qualidade do gergelim com certificação orgânica participativa – O gergelim produzido regionalmente por 7 SPGs/OPACs apoiados pela Diaconia também contribui para a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras. “Quando percebemos que dava para tirar o óleo foi mais uma coisa que a gente ficou feliz. Hoje eu não consumo o óleo comprado de fora, minha família consome é o óleo de gergelim. Eu coloco em todas as comidas, pois é um óleo que já sabemos que é medicinal e muito bom para a saúde. A gente já se acostumou”, explica Terezinha.

A produção do gergelim também abre portas para acessar mercados diferenciados, a partir da profissionalização das organizações de base da agricultura familiar no processo de pós-colheita e avanço da cadeia produtiva com a produção do tahine (pasta de gergelim), óleo de gergelim, gergelim fracionado, entre outros.
“Apesar do algodão ser a força motriz desse processo de comercialização e inclusão através da venda coletiva pelos SPGs/OPAC, também é fundamental que exista a estruturação de outras cadeias produtivas. Então, o gergelim faz parte dessa estratégia de modo que a comercialização seja feita de forma coletiva pelo OPAC, fazendo com que haja incremento de renda para as famílias agricultoras, além de gerar uma maior capitalização do Fundo de Incentivo à autonomia financeira (FIAF) dos SPGs/OPACs”, afirma Fábio Santiago, coordenador do Projeto/Diaconia.

A marca da agricultura familiar também está registrada na produção de alimentos beneficiados a partir do gergelim. Em fase de conclusão, três Unidades de Beneficiamento de Alimentos (UBAs) avançam para a oferta de alimentos saudáveis e com certificação orgânica participativa no Sertão do Apodi-RN, Sertão do Cariri-PB e Sertão do Pajeú-PE. No Sertão do Araripe-PE, o processamento dos alimentos já é realizado em parceria com uma agroindústria local, localizada no município de Parnamirim-PE. O Projeto irá impulsionar 9 linhas de produtos para comercialização justa no mercado orgânico. Entre eles estão o tahine, óleo de gergelim, pasta de amendoim, gergelim granulado, grão de milho em saca, amendoim cru e torrado, sementes de girassol e feijão ensacado.

Conheça alguns locais de comercialização dos produtos da ECOARARIPE/PE:
- Centro de Organização dos Produtores Agroecológicos do Araripe (COPAGRO)
Endereço: Avenida Fernando Bezerra, 1010 – Ouricuri (PE)
Telefone: (87) 99133-0996/ (87) 99110-9471
- Espaço de Comercialização Agroecológica
Endereço: Praça Claudemiro Alves Guimarães – Centro de Santa Cruz (PE)
Telefone: (87) 99635-3072
- Espaço de Comercialização Agroecológico de Araripina (ECOA)
Endereço: R. Ana Ramos Lacerda, 89 – Centro, Araripina (PE)
Telefone: (87) 3873-1102
Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada pela Diaconia e tem apoio financeiro da Laudes Foundation através do IDH – Sustainble Trade Initiative, da Inter-American Foundation (IAF), da V. Fair Trade e o Instituto Lojas Renner. No incentivo à gestão e disseminação do conhecimento, o Projeto é parceiro estratégico do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE e da Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória/SE). Ainda é parceiro do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/IBA/Governo do Paraguai, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Projeto Algodão Agroecológico Potiguar no Rio Grande do Norte. A área de atuação é em 7 territórios e 6 estados na região semiárida do Nordeste do Brasil. Há colaboração com ONGs locais (Instituto Palmas – Alto Sertão de Alagoas, ONG Chapada – Sertão do Araripe/PE e Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato – Sertão do Piauí) para a expansão do cultivo do algodão consorciado e fortalecimento dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs) – Associações Rurais de Certificação Orgânica Participativa. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o assessoramento técnico está sendo realizado pela Arribaçã, tendo ainda a parceria com o CEOP – Território do Curimataú/Seridó. No Sertão do Pajeú (PE) e Sertão do Apodi (RN), a Diaconia mantém escritórios e atividades e se encarrega da implementação das ações locais do Projeto e parceria com CPT – RN.
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