Pela primeira vez, famílias agricultoras ligadas à APASPI-PI participam de oficinas para produção de tahine e pasta de amendoim
Por Acsa Macena
O incentivo à produção dos alimentos com certificação orgânica participativa é fundamental na segunda fase do Projeto Algodão (2022-2027), que busca expandir a comercialização dos demais produtos dos consórcios agroecológicos

Mais do que a comercialização justa do algodão com certificação orgânica participativa, o Projeto Algodão busca avançar no apoio aos 7 OPACs/SPGs para expandir novas cadeias produtivas dos consórcios agroecológicos até a comercialização. Para isso, o conhecimento sobre o correto processamento e embalagem dos alimentos é fundamental para assegurar a qualidade dos produtos que chegarão na mesa da população, entre o tahine, pasta de amendoim, gergelim, frutas de época, verduras/legumes, além das plantas de adubação verde.
“A expansão da produção e comercialização de produtos com certificação orgânica participativa é uma oportunidade de geração de renda, mitigação e adaptação de mudanças climáticas, além de impulsionar a economia circular, regenerativa e inclusiva. A sustentabilidade do Projeto vem do acesso a mercados e o avanço das cadeias de valor dos outros produtos agrícolas com o selo brasileiro orgânico (gergelim fracionado, óleo de gergelim, tahine, amendoim cru e torrado, pasta de amendoim, frutas de época, polpas de fruta e plantas de adubação verde – feijão de porco, crotalária juncea, mucuna preta e cinza, cunhã, entre outras”, afirma Fábio Santiago, coordenador do Projeto Algodão/Diaconia. (trecho retirado da nota conceitual/ pode modificar).
Pensando na importância desse processo de profissionalização dos OPACs/SPGs, as famílias agricultoras dos núcleos de Paulistana – PI e São Raimundo Nonato – PI, ligadas à Associação dos/das Produtores/as Agroecológicos do Semiárido Piauiense – APASPI, participaram de oficinas para a produção do tahine e da pasta de amendoim, além de receber orientações sobre os procedimentos de embalagem e discutir a análise de viabilidade econômica das produções.
“Nosso objetivo foi dar um passo inicial na comercialização dos produtos dos consórcios. Na oficina em Paulistana e São Raimundo Nonato houve também uma discussão sobre o levantamento das frutas de época, verduras e hortaliças que têm produção forte na região. Também apresentamos a análise da viabilidade econômica para adequação nas frutas de época, hortaliça e verduras”, afirma Hélio Nunes, assessor técnico do Projeto Algodão/Diaconia.

Para o agricultor multiplicador Almiro Costa do município de Paulistana-PI, a expectativa é de ir além da comercialização do algodão e garantir mercado para os demais produtos dos consórcios. “Senti firmeza e empolgação nos agricultores e agricultoras que participaram da oficina. Isso é muito importante porque agora não é só mais o algodão, mas a partir da próxima safra, vamos precisar encontrar o caminho no mercado para escoarmos as demais produções dos consórcios”, afirma.
Já para a agricultora multiplicadora Valquíria Viana do município de São Raimundo Nonato – PI, outro núcleo de produção dos 6 que pertencem à APASPI/PI, o processamento dos alimentos irá proporcionar segurança alimentar e melhoria na renda das famílias. “A oficina de processamento de alimentos para mim, e acredito que para toda família APASPI/PI, foi muito importante porque foi o primeiro passo para agregação de valor de nossos produtos. Sem dúvidas é uma oportunidade que vai melhorar as condições financeiras e a alimentação de nossas famílias, pois a pasta de amendoim e de gergelim é muito saborosa e nutritiva”, considera.

Unidade de Beneficiamento de Alimentos (UBAs) – Inicialmente, duas casas de mel foram cedidas pelas associações de Paulistana – PI e São Raimundo Nonato – PI. A ideia é que seja construída a primeira Unidades de Beneficiamento de Alimentos (UBA) em Paulistana. De acordo com Hélio Nunes, assessor técnico do projeto, já foi concluída a estrutura da planta baixa para os dois municípios e está em elaboração o orçamento para a adequação dos locais.

Para Almiro Costa, a construção da UBA será fundamental para o fortalecimento da organização de base da agricultura familiar. “Recebendo essa UBA e mais capacitações, vamos caprichar e fazer de tudo para que a gente dê conta, tanto na parte de produção como na gestão e encontrar mercado. Vamos ter a oportunidade de vender o nosso produto que é de qualidade e levar o nome da nossa região, do nosso Piauí para as demais regiões do Brasil”, afirma.
Dessa forma, a esperada conquista da construção e da obtenção de equipamentos e utensílios será fundamental para um novo passo de acesso a mercados, conforme explica Gean Bastos, assessor técnico da Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato – PI.
“A expectativa da construção das UBAS é uma felicidade porque vínhamos discutindo isso com as famílias, ressaltando a agregação de valor a partir do beneficiamento dos produtos. Então a chegada das UBAs irá fortalecer os consórcios agroecológicos porque os agricultores e agricultoras vão se animar a cultivar outras culturas. E o treinamento dos grupos que vão ficar responsáveis pela gestão das UBAS foi importantíssimo porque já gera dentro dos agricultores e das agricultoras esse movimento de início para processar e colocar os produtos no mercado”, explica.

Em busca de novas famílias agricultoras – Para ampliar e fortalecer o cultivo do algodão em consórcios agroecológicos no território, se faz necessário alcançar novas famílias agricultoras. Assim, a Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária – Emater de Paulistana-PI disponibilizou cerca de 6 técnicos e técnicas que irão contribuir com o cadastro de novas famílias para a APASPI nos municípios de Paulistana, Queimada Nova, São Francisco de Assis e possivelmente Jacobina e Betânia. Para isso, foi realizado um ajuste metodológico pelo assessor técnico de Diaconia Hélio Nunes sobre os principais objetivos e a nova fase do Projeto Algodão. Em conjunto, ficaram definidos os municípios de atuação para orientações a novas famílias que irão se integrar ao OPAC.

De acordo com a técnica da Emater Andressa de Oliveira Silva, passar a trabalhar com o as famílias agricultoras ligadas ao Projeto Algodão é inovador. “Até então não tínhamos tanto conhecimento sopre a área, mas os representantes da APASPI nos encorajaram. Nesse primeiro momento, estamos a todo vapor na captação de novos cadastros. É satisfatório poder colaborar na agricultura familiar, investir nossos conhecimentos em algo inovador como o cultivo do algodão agroecológico. Tanto eu como o restante da equipe estamos agradecidos pela oportunidade e confiança”, afirma.
Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada por Diaconia, em parceria estratégica com a Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória/SE). O Projeto conta com o apoio financeiro da Laudes Foundation, da Inter-American Foundation (IAF) e do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE. O Projeto ainda é parceiro do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, e com o Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/Governo do Paraguai/IBA. Para a execução do Projeto nos territórios, a Diaconia estabeleceu parcerias com ONGs locais com experiência em Agroecologia que são responsáveis pelo assessoramento técnico para fortalecer os Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade Orgânico (OPACs) e a produção agroecológica. No Sertão do Piauí, a Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato desenvolve as atividades na Serra da Capivara. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o trabalho está sendo realizado pela Arribaçã, tendo ainda a parceria com o CEOP – Território do Curimataú/Seridó da Paraíba. No Sertão do Araripe, em Pernambuco, as ONGS CAATINGA e CHAPADA assumiram conjuntamente as ações do Projeto. As atividades no Alto Sertão de Alagoas e no Alto Sertão de Sergipe estão a cargo do Instituto Palmas e do Centro Dom José Brandão de Castro (CDJBC), respectivamente. No Sertão do Pajeú (PE) e no Oeste Potiguar (RN), territórios onde a Diaconia já mantém escritórios e atividades, ela mesma se encarrega da implementação das ações locais do Projeto e parceria com CPT – RN.
Parabéns diaconia em algodão em consórcio agronegócio fantástico o trabalho com os agricultores
Nunca vi, em nossa região, um projeto tão rico que nos proporciona uma melhoria imensa na nossa qualidade de vida, poder gerir uma associação, multiplicar esse conhecimento adquirido, avançar no beneficiamento dos alimentos, do algodão através do projeto é motivo de muito orgulho, de esperança que apesar do descaso do poder público com os pequenos agricultores, poderemos ser grandes atravessando todos os desafios que nos é imposto, conseguiremos, com ajuda dos parceiros, da diaconia, plantar, cuidar, certificar, beneficiar e comercializar nossos produtos agregando valor justo . Gratidão a todos parceiros que cuida de nós.
Que maravilha esse projeto que inclui várias ações para beneficiar os agricultores, já usei os produtos derivados do gergelin.
É uma delicia e sem contar que é muito importante para a saúde, para quem não come carne substitui as proteínas da carne , eu como não como há 15 anos, tenho que procurar produtos desse tipo.
Parabéns á todos envolvidos nesse brilhante projeto desde os agricultores,Técnicos,ongs, Associações, Financiadores, compradores etc…