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Projeto Algodão divulga série de publicações sobre dinâmicas que envolvem o cultivo, descaroçamento, governança e comercialização do algodão em consórcios com certificação orgânica participativa no Semiárido


Por Acsa Macena

Os documentos servirão de base para geração e disseminação do conhecimento entre famílias agricultoras, técnicos/as, organizações da sociedade civil, universidades federais, centros de pesquisa e outros.

A produção e disseminação de conhecimento que vem sendo gerada desde 2018 pelo Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, coordenado pela Diaconia e em parceria com as organizações de base da agricultura familiar, assessoria técnica, setor acadêmico, organizações não-governamentais e outros, têm o objetivo de contribuir para ampliar o conhecimento técnico-científico sobre as dinâmicas que envolvem o cultivo do algodão consorciado com certificação orgânica participativa com outras culturas alimentares como feijão, milho, gergelim, amendoim, girassol e plantas de adubação verde no Nordeste do Brasil.

Ao longo de 5 anos, o Projeto já alcançou mais de 1.400 famílias agricultoras nos 7 territórios – Alto Sertão Sergipano (SE), Alto Sertão Alagoano (AL), Serra da Capivara (PI), Sertão do Pajeú (PE), Sertão do Araripe (PE), Sertão do Cariri (PB), Sertão do Apodi (RN) – e 6 estados na região semiárida do Nordeste do Brasil. Atualmente, há  em  funcionamento  7 Sistemas Participativos de Garantia (SPGs)  que controlam a qualidade orgânica em Unidades Familiares Produtivas (UFPs) através dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs), conferindo o selo brasileiro orgânico nas produções agrícolas. São eles: ACOPASA-RN, ACOPASE-SE, Flor de Caraibera-AL, ECOARARIPE-PE, ACEPAC-PB, ASAP-PE e APASPI-PI.

Diante desse contexto, quatro novas publicações subsidiarão a gestão do conhecimento sobre dinâmicas que envolvem o cultivo, descaroçamento, governança e comercialização do algodão em consórcios com certificação orgânica participativa no Semiárido pelos 7 SPGs/OPACs. Os documentos estão disponíveis na biblioteca deste site e foram desenvolvidos a partir da parceria de Diaconia com o AKSAAM, Adaptando Conhecimento para Agricultura Sustentável e Acesso ao Mercado, que é um projeto que trabalha para aliviar a pobreza rural com foco no desenvolvimento agrícola sustentável para promover a segurança alimentar e nutricional em consonância com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).

O incentivo à sistematização de experiências sobre a agricultura familiar no Nordeste brasileiro é apoiado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem projetos executados através do AKASAAM/IPPDS/UFV/FUNARBE.  Das mais de 50 sistematizações realizadas pelo Projeto Algodão, nove foram elaboradas a partir da parceria de Diaconia e o FIDA/AKSAAM/IPPDS/FUNARBE. O foco dos programas de Gestão do Conhecimento do FIDA está situado na identificação, sistematização e disseminação de experiências exitosas e melhores práticas associadas à convivência com o Semiárido do Nordeste.

A série de documentos também subsidia outras iniciativas do país e no mundo que trabalham ou que desejam conhecer o modelo de sustentabilidade implementado pelo Projeto. Além disso, é uma estratégia didática para as famílias agricultoras, técnicos/as, gestores públicos e outros. Conheça abaixo as quatro novas publicações.

Miniusina para descaroçamento e prensa do algodão em transição para certificação orgânica participativa – A publicação reúne um estudo de caso sobre o avanço da cadeia de valor do algodão com certificação orgânica participativa, a partir do descaroçamento do algodão produzido pela Associação de Certificação Orgânica Participativa de Agricultores e Agricultoras do Alto Sertão de Sergipe (ACOPASE) com acesso à mercado orgânico e comércio justo.

O estudo considera que a miniusina de descaroçamento de algodão contribui para construção e fortalecimento do modelo de sustentabilidade no âmbito do Projeto Algodão. Entre os diversos benefícios destacam-se a comercialização da pluma com certificação orgânica participativa como um instrumento que permite uma relação direta com comércio justo e mercado orgânico, além de fortalecer o compromisso com a qualidade, o associativismo e cooperativismo entre famílias agricultoras e distribuição mais justa dos ganhos da cadeia de valor.

“Antes eu entregava a rama, hoje eu estou entregando o meu fardo de algodão”, afirmam famílias agricultoras sobre os benefícios conquistados a partir da primeira miniusina de descaroçamento de algodão no Alto Sertão Sergipano. Esse avanço representa aproximadamente 280% de ganhos para as famílias agricultoras em relação à comercialização do algodão em rama. A partir de um arranjo institucional, o conjunto de máquinas foi viabilizado através da parceria da Diaconia com o FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE. Também são parceiros nessa ação em Sergipe o CDJBC e a UFS-Campus Sertão.

Acesse o documento: https://www.algodaoagroecologico.com/wp-content/uploads/2023/05/-11

Desempenho econômico do algodão em consórcios agroecológicos com certificação orgânica participativa – O estudo realiza a análise econômica com cinco famílias agricultoras no território da Serra da Capivara – PI, a partir da adesão ao sistema em regime de policultivo para obtenção de roçados diversificados. O documento considera que o plantio de pelo menos quatro culturas diferentes em regime consorciado traz maior estabilidade nos resultados produtivo e econômico e potencializa o incremento de renda pela certificação orgânica participativa pelos SPGs/OPACs.

Entre os principais resultados, foi possível concluir que o policultivo e agregação de valor com a certificação orgânica participativa apresentam resultados econômicos positivos que sinalizam para o modelo de sustentabilidade dos roçados na região semiárida. Ainda foi possível observar nos cinco casos estudados que há uma produtividade maior nos consórcios agroecológicos em relação aos dados do IBGE para cultivos de sequeiro no semiárido em regime de monocultivo. Além disso, esse modelo contribui para um menor impacto ao meio ambiente e atende a atual demanda da sociedade por alimentos saudáveis.

Acesse agora: https://www.algodaoagroecologico.com/wp-content/uploads/2023/05/-12

Construção de conhecimento do algodão agroecológico consorciado em unidades de aprendizagem e pesquisa – A publicação apresenta os resultados das atividades realizadas nas Unidades de Aprendizagem e Pesquisa (UAPs), a partir das anotações técnicas e econômicas sobre a gestão da matéria orgânica no solo; monitoramento de insetos praga e uso das tecnologias poupadoras de mão de obra no campo.

Na prática, uma UAP é constituída em torno de um consórcio agroecológico, que é conduzido por uma família experiente que assume o papel de multiplicar o conhecimento e servir de referência para as/os agricultoras/es que passam pelo processo de formação, dando prioridade ao ‘aprender fazendo’. Os/as multiplicadores/as contam com o apoio técnico do Projeto, seja de forma direta ou por meio dos diferentes parceiros para realizar este trabalho de formação.

Essa metodologia de formação se mostrou eficiente, empoderando as famílias agricultoras que participaram do Projeto, além de gerar referência para demais iniciativas com interesse no modelo construído.

Destaque importante para as tecnologias poupadoras de mão de obra que foram testadas através de pesquisas participativas baseadas na comparação do novo equipamento com a forma até então utilizada pelas famílias para realização das atividades de preparo da terra, plantio, capina e colheita.

As informações observadas nos testes foram o tempo e eficiência para realização da atividade e a aceitação da tecnologia pela família, calculada a partir do número de famílias que aprovaram a tecnologia em relação ao total de famílias que experimentaram.

Veja a publicação: https://www.algodaoagroecologico.com/wp-content/uploads/2023/05/-13

Governança dos organismos participativos de avaliação da qualidade orgânica em Unidades Familiares Produtivas (UFPs) – O Projeto apoia 7 SPGs/OPACs que vêm se consolidando como um modelo de desenvolvimento inclusivo e regenerativo, considerando aspectos econômicos, sociais e ambientais. Diante disso, o documento aborda aspectos organizacionais e funcionais dos SPGs/OPACs com o objetivo de disseminar as estratégias de sustentabilidade, maturidade organizacional, eficiência e autonomia na condução de suas funções e longevidade.

Assim, a publicação aborda aspectos organizacionais dos SPGs/OPACs, para além dos instrumentos e do processo de certificação orgânica participativa, como por exemplo, o monitoramento da produção, o descaroçamento do algodão, a comercialização e gestão financeira. Também é aprofundada a discussão sobre a ferramenta de avaliação da maturidade dos SPGs/ OPACs e o software para aperfeiçoamento da certificação orgânica participativa no âmbito dos SPGs/OPACs.

Dessa forma, o estudo apresenta um dos principais gargalos enfrentados pelas organizações de base da agricultura familiar: a sustentabilidade, que está ligada à capacidade de alcançar independência e autonomia para execução de suas atividades e funções, onde a certificação orgânica participativa é uma estratégia de acesso a mercados com valor agregado e indo além do algodão no processo de comercialização.

Confira aqui: https://www.algodaoagroecologico.com/wp-content/uploads/2023/05/-15

Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada pela Diaconia e tem apoio financeiro da Laudes Foundation através do IDH – Sustainble Trade Initiative, da Inter-American Foundation (IAF), da V. Fair Trade e o Instituto Lojas Renner. No incentivo à gestão e disseminação do conhecimento, o Projeto é parceiro estratégico do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE e da Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória/SE). Ainda é parceiro do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/IBA/Governo do Paraguai, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Projeto Algodão Agroecológico Potiguar no Rio Grande do Norte. A área de atuação é em 7 territórios e 6 estados na região semiárida do Nordeste do Brasil. Há colaboração com ONGs locais (Instituto Palmas – Alto Sertão de Alagoas, ONG Chapada – Sertão do Araripe/PE­ e Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato – Sertão do Piauí) para a expansão do cultivo do algodão consorciado e fortalecimento dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs) – Associações Rurais de Certificação Orgânica Participativa. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o assessoramento técnico está sendo realizado pela Arribaçã, tendo ainda a parceria com o CEOP – Território do Curimataú/Seridó.  No Sertão do Pajeú (PE) e Sertão do Apodi (RN), a Diaconia mantém escritórios e atividades e se encarrega da implementação das ações locais do Projeto e parceria com CPT – RN.