Projeto realiza formação regional de comunicação para agricultoras, agricultores e assessoria técnica de 7 territórios do Semiárido
Por Acsa Macena
O objetivo foi ampliar o acesso à geração e disseminação do conhecimento através dos vídeos produzidos sobre as diferentes etapas que envolvem o cultivo do algodão em consórcios agroecológicos.

Promover a autonomia do conhecimento da agricultura familiar. Esse é um dos objetivos do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, coordenado pela Diaconia. Só para se ter uma ideia, sessenta sistematizações foram elaboradas no âmbito da geração e disseminação do conhecimento sobre uma diversidade de temas que envolvem o cultivo do algodão em consórcios agroecológicos.
Além disso, entre 2022 e 2203, o Projeto já produziu mais de 95 vídeos, entre tutoriais, materiais jornalísticos, testemunhais e outros, contabilizando mais de 300.000 impressões no Youtube a partir de diferentes países. Somente no site são mais de 60 reportagens veiculadas e 15.000 acessos de diferentes continentes.

“Pensando na importância da ampliação do acesso desse material para além da interação com o amplo público externo que o Projeto/Diaconia tem alcançado, a intenção da comunicação é alcançar, sobretudo, as famílias agricultoras que integram a iniciativa. Para isso, foi construída uma estratégia teórico-metodológica com base nos princípios da comunicação pública, com o objetivo levar os conteúdos audiovisuais até os 98 grupos locais de produção e 215 comunidades e assentamentos apoiados pelo Projeto”, explica Acsa Macena, assessora de comunicação do Projeto/Diaconia.
Assim, a formação virtual reuniu agricultoras, agricultores e assessoria técnica de 7 associações rurais de certificação orgânica participativa de 6 estados e 7 territórios do Semiárido. Na ocasião, foi apresentada uma proposta de calendário para exibição e discussão nos grupos locais de produção sobre os vídeos formativos do Projeto, além dos recursos necessários para a exibi-los e acessá-los.

Segundo Fábio Santiago, coordenador do Projeto/Diaconia, a formação regional em comunicação é mais um exercício de colocar os SPGs/OPACs a discutirem os processos de fortalecimento das associações rurais de certificação orgânica participativa em rede.
”A ideia é cada vez mais descentralizar o conhecimento em grupos locais. Todo o material produzido pelo Projeto foi validado em campo, com publicações e com capacidade de acesso pelas famílias agricultoras. A produção de documentos em audiovisual é uma estratégia de chegar com maior abrangência aos agricultores/as. O processo metodológico de formação em grupos locais a partir dos vídeos é uma estratégia de colocar as pessoas para discutirem, tirarem suas dúvidas e gerarem acordos para implementar as boas práticas do algodão em consórcios agroecológicos. Espera-se com isso, uma maior adesão de práticas pelas famílias em elevar os rendimentos dos consórcios agroecológicos em convivência com região semiárida do Nordeste do Brasil”, explica.
Já de acordo com Ricardo Blackburn, assessor técnico do Projeto/Diaconia, “os instrumentos de conhecimento audiovisual que foram criados pelo Projeto são estratégias fundamentais para o futuro dos SPGs/OPACs, pensando nas mudanças de fases do Projeto. Então quando for entrar novas famílias agricultoras, os grupos locais estarão habilitados a transmitir esse conhecimento de forma muito prática em suas reuniões. É um conhecimento que foi construído de forma coletiva e é uma oportunidade de exercitá-lo”, afirma .
Distribuído em 4 encontros, o calendário prevê a visualização e discussão inicial de 11 vídeos cujas temáticas são: protocolo de boas práticas e regras do algodão consorciado com certificação orgânica participativa, Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs) das tecnologias poupadoras de mão de obra, adubação verde, protocolo de pós-colheita de culturas alimentares e passo a passo da certificação orgânica participativa. A ideia é que cada território se organize para iniciar o calendário em outubro deste ano e conclui-lo até maio de 2024.

Segundo a agricultora Antônia Oliveira, ligada à Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi – ACOPASA/RN, “essa metodologia vai facilitar muito nossa aprendizagem e tornar as reuniões mais produtivas. Vamos seguir o calendário e vai dar tudo certo. Apesar de não termos computador ou notebook vamos dar um jeito”, afirma.
A expectativa também é de muito aprendizado para a agricultora Valquíria Viana, ligada à Associação dos/das Produtores/as Agroecológicos do Semiárido Piauiense – APASPI-PI. “Esses vídeos com certeza fortalecerão muito mais os grupos locais e facilitarão muito o entendimento de nós agricultores e agricultoras ainda mais! Com certeza vamos seguir o calendário”, diz.
Para isso, foram apresentadas três estratégias para aplicação da metodologia nas reuniões dos grupos locais. Na primeira, o/a agricultor/a multiplicador/a se reúne com a/o coordenador/a do grupo local para planejar o calendário de exibição e discussão dos vídeos. Nesse caso, a responsabilidade da exibição nos grupos locais é do/a coordenador/a.
Já na segunda opção, o/a agricultor/a multiplicador/a escolhe alguns grupos locais do seu núcleo para acompanhar a exibição e discussão dos vídeos, sendo o/a agricultor/a multiplicador responsável pela exibição. Pode ser considerado como critério para essa escolha, a falta de estrutura para exibição ou a inserção de grupos novos. Por fim, caso o/a agricultor/a multiplicador/a e coordenadores/as dos grupos locais não tenham computadores e TVs, a assessoria técnica deve auxiliar na execução da atividade.
Segundo a consultora do Projeto no Alto Sertão Alagoano, Ana Acioly, a estratégia apresenta as potencialidades da democratização do conhecimento sobre o campo para a agricultura familiar. “Mais do que acompanhar os calendários, estamos descobrindo que temos essas ferramentas de aprendizagem que podem ser usados. É uma estratégia pedagógica para que os grupos locais se apropriem, sabendo que existem essas ferramentas organizadas em playlist e que é possível tendo internet ou sem ela. Então essa primeira rodada aprenderemos fazendo. Isso é democratização do conhecimento e poderemos usá-lo de forma individual, cada família do SPG/OPAC em seu próprio roçado. Esse é um passo muito importante com materiais de tanta qualidade”, afirma.
Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada pela Diaconia e tem apoio financeiro da Laudes Foundation através do IDH – Sustainble Trade Initiative, da Inter-American Foundation (IAF), da V. Fair Trade e o Instituto Lojas Renner. No incentivo à gestão e disseminação do conhecimento, o Projeto é parceiro estratégico do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE e da Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória/SE). Ainda é parceiro do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/IBA/Governo do Paraguai, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Projeto Algodão Agroecológico Potiguar no Rio Grande do Norte. A área de atuação é em 7 territórios e 6 estados na região semiárida do Nordeste do Brasil. Há colaboração com ONGs locais (Instituto Palmas – Alto Sertão de Alagoas, ONG Chapada – Sertão do Araripe/PE e Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato – Sertão do Piauí) para a expansão do cultivo do algodão consorciado e fortalecimento dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs) – Associações Rurais de Certificação Orgânica Participativa. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o assessoramento técnico está sendo realizado pela Arribaçã, tendo ainda a parceria com o CEOP – Território do Curimataú/Seridó. No Sertão do Pajeú (PE) e Sertão do Apodi (RN), a Diaconia mantém escritórios e atividades e se encarrega da implementação das ações locais do Projeto e parceria com CPT – RN.
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