Projeto realiza oficina para implantação da Unidade de Beneficiamento de Alimentos (UBA) no Sertão do Cariri-PB
Por Acsa Macena
Prevista para ser inaugurada ainda este ano, a UBA produzirá 9 linhas de alimentos saudáveis, além do empacotamento de sementes de adubação verde. Agora, busca-se mercados para realização das primeiras comercializações.

A Associação Agroecológica de Certificação Participativa do Cariri Paraibano – ACEPAC/PB se prepara para conclusão da sua Unidade de Beneficiamento de Alimentos (UBA). Diante disso, agricultoras e agricultores que estarão à frente da operacionalização da UBA também têm se preparado. Entre os dias 26/09 e 29/09, foi realizada mais uma oficina que abordou aspectos desde a gestão à comercialização dos produtos da UBA. A unidade beneficiará 9 linhas de alimentos, entre tahine, pasta de amendoim, óleo de gergelim e outros, além de empacotar sementes de adubação verde, como feijão de porco, feijão guandu, crotalária juncea, entre outras.
Uma das agricultoras que estará na equipe da UBA é Maria Edileuza, e está motivada com o trabalho em equipe, onde a maioria é formada de mulheres, no caso da ACEPAC/PB. “O que chamou mais a minha atenção foi a forma de todos e todas interagir. Sinto-me privilegiada, até porque nunca passou pela minha cabeça que um dia, na Vila Lafayette, teria uma unidade de beneficiamento de alimentos . Minha expectativa é que seja um sucesso em pedidos e vendas, assim será bom para nós”, explica.

A oficina elaborada pelo Projeto/Diaconia integra o amplo programa de formação continuada em gestão de funcionamento da UBA numa perspectiva de comercialização para os mercados locais e outros. “Um dos desafios é formar pessoas que tenham perfil para a gestão dos instrumentos de controle de funcionamento da UBA, e uma diretoria envolvida plenamente nos processos de avanço para um associativismo que dialogue em diferentes mercados”, afirma Fábio Santiago, coordenador do Projeto/Diaconia.
Para o agricultor e tesoureiro da ACEPAC/PB, Aguinaldo Silva, a UBA contribuirá para valorizar o trabalho que é iniciado no campo, isso pela agregação de valor dos produtos que serão comercializados. “Pudemos vivenciar situações concretas e significativas, abrangendo a prática dos equipamentos. Fizemos o óleo do gergelim, a pasta de amendoim, tahine e outros. Foi uma experiência de troca de conhecimentos e aprendizados na cadeia produtiva agrícola sustentável, valorizando o trabalho do homem e da mulher do campo”, afirma.
Segundo o assessor técnico da Arribaçã, Almir Freitas, a formação auxiliará todas as etapas de produção na UBA. “A oficina foi importante para nós da assessoria técnica, agricultoras e agricultores que vão trabalhar diretamente na UBA, e que puderam fazer todo processo desde a recepção da matéria-prima, limpeza, processamento, rotulagem, embalagem, custo de produção, além de considerar o tempo que se leva para fazer esse processo em horas de serviço”, diz.

É importante observar que a ACEPAC/PB é uma associação rural de certificação orgânica participativa com credenciamento ao MAPA e que pode emitir o selo brasileiro em produtos agrícolas das Unidades Familiares Produtivas (UFPs). Isso significa dizer que a valorização dos produtos é ainda maior, uma vez que o selo de orgânico do Sistema Participativo de Garantia (SPG) só é emitido para um pouco mais de de 50 SPGs/OPACs do país, dos quais o Projeto assessora 7 e 6 são credenciados.
“O selo mostra primeiro que é um produto com certificação orgânica participativa de origem vegetal, trazendo agregação de valor e mostrando que é um alimento saudável da agricultura familiar”, explica Hélio Nunes, consultor do Projeto/Diaconia.
Outro grande diferencial da ACEPAC/PB é que também está inserida no Programa de Alimentos Seguros (PAS), desenvolvido pelo SESC, SENAC, SEBRAE, SESI e SENAI, e tem como objetivo reduzir os riscos de os alimentos transmitirem doenças para a população. O PAS atua no desenvolvimento de metodologias e materiais didáticos, bem como na capacitação de técnicos e técnicas para disseminar e implantar ferramentas de controle em segurança de alimentos, contribuindo para uma maior competitividade da indústria nos mercados nacional e internacional.
“Isso dá uma segurança ao consumidor e à consumidora de que as pessoas que estão produzindo, estão capacitadas de forma eficiente e cumprindo as regras de boas práticas de fabricação e manipulação de alimentos. Temos essa parceria com o SENAI de João Pessoa-PB através de um contrato de consultoria para esse fim com a ACEPAC/PB”, explica Hélio.
Após a formação, também foi traçada a estratégia para comercialização do primeiro lote de produtos a partir da oficina. Assim, agricultoras e agricultores da ACEPAC/PB visitarão primeiramente diferentes supermercados e lojas de produtos orgânicos nos municípios de Campina Grande-PB, Sumé-PB, Monteiro-PB, Prata-PB, Taperorá-PB. A ideia é que sejam apresentados os produtos e realizados os primeiros pedidos. Já a inauguração da UBA está prevista para acontecer ainda neste ano.
Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada pela Diaconia e tem apoio financeiro da Laudes Foundation através do IDH – Sustainble Trade Initiative, da Inter-American Foundation (IAF), da V. Fair Trade e o Instituto Lojas Renner. No incentivo à gestão e disseminação do conhecimento, o Projeto é parceiro estratégico do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE e da Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória/SE). Ainda é parceiro do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/IBA/Governo do Paraguai, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Projeto Algodão Agroecológico Potiguar no Rio Grande do Norte. A área de atuação é em 7 territórios e 6 estados na região semiárida do Nordeste do Brasil. Há colaboração com ONGs locais (Instituto Palmas – Alto Sertão de Alagoas, ONG Chapada – Sertão do Araripe/PE e Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato – Sertão do Piauí) para a expansão do cultivo do algodão consorciado e fortalecimento dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs) – Associações Rurais de Certificação Orgânica Participativa. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o assessoramento técnico está sendo realizado pela Arribaçã, tendo ainda a parceria com o CEOP – Território do Curimataú/Seridó. No Sertão do Pajeú (PE) e Sertão do Apodi (RN), a Diaconia mantém escritórios e atividades e se encarrega da implementação das ações locais do Projeto e parceria com CPT – RN.
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