Em Brasília, Projeto participa de evento comemorativo à produção de algodão latino-americano e no Haiti
Por Acsa Macena

Durante três dias, estivemos em Brasília-DF, a convite da FAO/ABC-MRE, para participar da semana comemorativa ao Dia Mundial do Algodão, com diferentes participantes da América Latina, entre representantes de governos da Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru, do setor algodoeiro, da indústria têxtil e artesãs.
A série de eventos foi organizada de maneira conjunta pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) – Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), por meio do projeto de cooperação Sul-Sul +Algodão, que este ano completa 10 anos.

Há mais de dois anos, a Diaconia, no âmbito do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, é parceria do Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/IBA/Governo do Paraguai, e tem contribuído para fortalecer a cadeia produtiva do algodão agroecológico na América Latina, sendo a única organização social do país a participar do Projeto +Algodão.
“A participação dos 10 anos do Projeto + Algodão e na comemoração do Dia Mundial do Algodão é o reconhecimento que temos muito a trocar com os países na América Latina e Haiti a partir do modelo de sustentabilidade de organizações de base da agricultura familiar com certificação orgânica participativa na região semiárida do Nordeste do Brasil, haja vista que mais de 80% do algodão produzido nesses países vêm da agricultura familiar”, explica Fábio Santiago, coordenador do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos/Diaconia.
Ainda segundo observa Santiago, a parceria com o Projeto +Algodão foi iniciada durante a pandemia em encontros remotos com o Governo do Paraguai, onde foi possível no âmbito da Cooperação Sul Sul trocar informações sobre as metodologias, ferramentas, instrumentos, assessoramento técnico, tecnologias poupadoras de mão de obra, fundos de sustentabilidade de associações rurais de certificação orgânica participativa, entre outras, no âmbito de boas práticas e regras para o funcionamento dos Sistemas Participativos de Garantia (SPGs) no controle da qualidade orgânica em Unidades Familiares Produtivas (UFPs).
“No Paraguai, há uma legislação de orgânicos que prever a certificação orgânica por SPGs. A próxima etapa é a nossa ida lá, que conjuntamente com grupo de mulheres paraguaias e equipe da FAO, haverá a implantação de Unidade de Aprendizagem e Pesquisa Participativa (UAP), onde será possível implementar todas as etapas do algodão em regime de policultivo a partir do ‘Aprender Fazendo’, assim como as estratégias de comercialização, segurança alimentar e avanço na cadeia de valor dos outros produtos dos consórcios agroecológicos além do algodão, à luz de um associativismo ligado a mercados diferenciados. Tivemos também contribuições do Projeto com a Rede de Mulheres Algodoeiras da Argentina (RAMA)”, observa.
Entenda o que aconteceu durante o evento – Segundo informações da FAO, no dia 4 de outubro, um fórum ministerial discutiu as políticas públicas e a competitividade do setor algodoeiro regional. Durante o fórum, os representantes de governo dos países participantes apresentaram iniciativas, programas e políticas em implementação no setor algodoeiro. No mesmo dia, as comemorações seguiram no Museu Nacional da República, que reuniu mais de 200 pessoas, incluindo representantes de governo dos países convidados, organismos internacionais, embaixadas, profissionais da indústria têxtil e estudantes de design.

Para a coordenadora do projeto +Algodão, Adriana Gregolin, o evento confirmou a excelência do algodão latino-americano e a força da arte e identidade do artesanato feito com esta matéria-prima. “Para a FAO e ABC essa foi a melhor forma de celebrar os 10 anos da cooperação internacional +Algodão”, disse.
No dia 5 de outubro, a delegação internacional e brasileira participou da 5ª reunião do Fórum Regional Algodoeiro, na sede da ABRAPA, onde se debateu sobre agricultura regenerativa e a contribuição da cadeia produtiva do algodão para mitigar as consequências das mudanças climáticas, ademais de ser uma fibra que se adapta através de seus sistemas diversificados de produção.

No dia 6 de outubro, um seminário regional promoveu o diálogo sobre os desafios e oportunidades para a disponibilidade de sementes de qualidade para o setor algodoeiro latino-americano.

As comemorações ao Dia Mundial do Algodão 2023 foram encerradas, no Senado Federal do Brasil, com uma sessão especial presidida pelo senador Izalci Lucas, que destacou a importância do algodão para a economia global. O Dia Mundial do Algodão, aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 2021 e comemorado em 7 de outubro, busca aumentar a visibilidade do setor algodoeiro e o seu papel no desenvolvimento econômico, no comércio internacional, na inclusão social e na redução da pobreza, especialmente para a agricultura familiar algodoeira em países em desenvolvimento.
Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada pela Diaconia e tem apoio financeiro da Laudes Foundation através do IDH – Sustainble Trade Initiative, da Inter-American Foundation (IAF), da V. Fair Trade e o Instituto Lojas Renner. No incentivo à gestão e disseminação do conhecimento, o Projeto é parceiro estratégico do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE e da Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória/SE). Ainda é parceiro do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/IBA/Governo do Paraguai, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Projeto Algodão Agroecológico Potiguar no Rio Grande do Norte. A área de atuação é em 7 territórios e 6 estados na região semiárida do Nordeste do Brasil. Há colaboração com ONGs locais (Instituto Palmas – Alto Sertão de Alagoas, ONG Chapada – Sertão do Araripe/PE e Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato – Sertão do Piauí) para a expansão do cultivo do algodão consorciado e fortalecimento dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs) – Associações Rurais de Certificação Orgânica Participativa. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o assessoramento técnico está sendo realizado pela Arribaçã, tendo ainda a parceria com o CEOP – Território do Curimataú/Seridó. No Sertão do Pajeú (PE) e Sertão do Apodi (RN), a Diaconia mantém escritórios e atividades e se encarrega da implementação das ações locais do Projeto e parceria com CPT – RN.
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