Pela primeira vez, Cooperação Alemã participa de intercâmbio no Sertão do Pajeú-PE para apoiar o modelo de sustentabilidade do algodão em consórcios agroecológicos no Semiárido
Por Acsa Macena

Mais uma importante parceria se soma à inciativa coordenada pela Diaconia há 5 anos, no âmbito do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos, para continuar fortalecendo 7 Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs) através dos Sistemas Participativos de Garantia (SPGs), que controlam a qualidade orgânica em Unidades Familiares Produtivas (UFPs) à luz da legislação brasileiras dos orgânicos.
Isso porque a GIZ – Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – apoiará o Projeto/Diaconia ao longo deste triênio. Com isso, espera-se a continuidade do desenvolvimento do algodão em consórcios agroecológicos no Semiárido do Nordeste do Brasil pela agricultura familiar direcionada à indústria da moda sustentável e ao avanço da cadeia de valor dos outros produtos dos consórcios agroecológicos com certificação orgânica participativa.

A GIZ é uma empresa federal alemã para cooperação técnica que atua no Brasil na promoção do desenvolvimento sustentável há quase 60 anos. O foco do trabalho da GIZ no Brasil são as energias renováveis e a eficiência energética, a proteção e o uso sustentável das florestas tropicais, além de temas como formação técnica, transformação urbana e oportunidades de financiamento para investimentos em prol do clima.
Os projetos de cooperação implementados no Brasil buscam promover o desenvolvimento econômico, social, ecológico e a sustentabilidade. Já o trabalho de cooperação técnica Brasil-Alemanha é realizado em consonância com a Embaixada da Alemanha e em coordenação com a cooperação financeira implementada pelo Banco de Desenvolvimento KfW.

Para conhecer melhor como funciona as dinâmicas que envolvem o Projeto/Diaconia, representante da GIZ participou de intercâmbio entre os dias 11/07 e 12/07 no Sertão do Pajeú-PE. Foi possível apresentar como funciona o giro do SPG para certificação orgânica participativa, a presença das mulheres agricultoras em cargos de liderança, a aplicação do protocolo de boas práticas do algodão agroecológico consorciado para aumento da produtividade e conservação do solo; o uso das tecnologias poupadoras de mão de obra; o acesso ao mercado orgânico e comércio justo; os desafios do avanço da cadeia de valor dos produtos dos consórcios; as contribuições para mitigação dos gases de efeito estufa e outros.

O primeiro local visitado foi o assentamento Jacu em Sertânia-PE, na Unidade Familiar Produtiva (UFP) da agricultora multiplicadora e a presidente da ASAP-PE Joana Darck, onde recentemente foi instalado um sistema de irrigação por gotejamento para impulsionar a produção e multiplicação de sementes no território. Essa área tem o controle da qualidade orgânica através da ASAP-PE, que é credenciada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e autorizada a conferir o selo brasileiro orgânico nos produtos agrícolas. Ademais, há ainda a área do algodão consorciado em regime de sequeiro.

No segundo dia de intercâmbio, foi realizada a visita à Unidade de Beneficiamento de Alimentos (UBA) da ASAP-PE, que é uma das estratégias fundamentais do Projeto para criar modelos de negócio pela agricultura familiar a partir da certificação orgânica participativa e avançar em novas cadeias com outros produtos dos consórcios. A UBA do Sertão do Pajeú-PE localiza-se no município de Serra Talhada -PE – Assentamento Santa Rita, e está em fase de conclusão. Além dessa, outras duas avançam para a oferta de alimentos saudáveis e com certificação orgânica participativa no Sertão do Apodi-RN e Sertão do Cariri-PB.


Entre os primeiros produtos que serão processados nas UBAs estão o tahine, óleo de gergelim, pasta de amendoim, gergelim granulado, grão de milho em saca, amendoim cru e torrado, sementes de girassol e feijão ensacado. Além de representantes da GIZ, participaram do intercâmbio a coordenação do Projeto/Diaconia, assessoria técnica de Diaconia nos territórios do Sertão do Pajeú-PE e Sertão do Apodi-RN, representante da Veja/VERT, além de agricultores e agricultoras de dois dos 7 SPGs/OPACs apoiados pelo Projeto: Associação Agroecológica do Pajeú (ASAP-PE) e Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi (ACOPASA-RN).
Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada pela Diaconia e tem apoio financeiro da Laudes Foundation através do IDH – Sustainble Trade Initiative, da Inter-American Foundation (IAF), da V. Fair Trade e o Instituto Lojas Renner. No incentivo à gestão e disseminação do conhecimento, o Projeto é parceiro estratégico do FIDA/AKSAAM/UFV/IPPDS/FUNARBE e da Universidade Federal de Sergipe (UFS, Campus Sertão – Nossa Senhora da Glória/SE). Ainda é parceiro do SENAI Têxtil e Confecção da Paraíba, Projeto + Algodão – FAO/MRE-ABC/IBA/Governo do Paraguai, Programa Mundial de Alimentos (PMA) e o Projeto Algodão Agroecológico Potiguar no Rio Grande do Norte. A área de atuação é em 7 territórios e 6 estados na região semiárida do Nordeste do Brasil. Há colaboração com ONGs locais (Instituto Palmas – Alto Sertão de Alagoas, ONG Chapada – Sertão do Araripe/PE e Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato – Sertão do Piauí) para a expansão do cultivo do algodão consorciado e fortalecimento dos Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs) – Associações Rurais de Certificação Orgânica Participativa. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o assessoramento técnico está sendo realizado pela Arribaçã, tendo ainda a parceria com o CEOP – Território do Curimataú/Seridó. No Sertão do Pajeú (PE) e Sertão do Apodi (RN), a Diaconia mantém escritórios e atividades e se encarrega da implementação das ações locais do Projeto e parceria com CPT – RN.
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