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Vert Shoes garante a compra de mais uma safra do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos


Investimento da marca será superior a R$ 1,2 milhão incluindo premiações para as famílias, assim como para as associações de certificação orgânica participativa

Assinatura dos novos contratos aconteceu no escritório da Diaconia no Recife. Foto: Acervo Diaconia

A empresa francesa Vert Shoes – que produz tênis a partir de matéria prima do algodão orgânico para o mundo inteiro -, anunciou mais um importante investimento na relação de comércio justo e mercado orgânico com o projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos no âmbito da agricultura familiar. Por mais um ano consecutivo, ela irá comprar toda a produção de algodão orgânico das famílias agricultoras dos sete territórios de atuação do projeto. O investimento da marca será superior a R$ 1,2 milhão incluindo premiações para as famílias, assim como para as associações de certificação orgânica participativa, mais conhecidas como Organismos Participativos de Avaliação da Conformidade (OPACs).

Para a Safra 2021, o projeto contará com a produção de, aproximadamente, 778 famílias dos sete territórios de atuação do projeto. Estima-se colher até o final do ano, a depender das condições de cada território, 67 toneladas de pluma orgânica. O valor pago por cada quilo produzido aumentou em média 6% com relação ao ano de 2020, onde o kg da pluma com certificação orgânica foi vendido por R$ 13,20 e este ano essa mesma pluma será vendida a R$ 13,98. Além disso, haverá uma premiação de R$ 2,00 /kg de pluma orgânica para cada família que preencher o caderno de campo da unidade familiar produtiva e mais R$ 2,50/kg de pluma para os OPACs.

Para Claudevan José, agricultor do município de Serra Talhada, no Sertão do Pajeú (PE), e presidente da Associação Agroecológica do Pajeú (ASAP), a volta da cultura do algodão só trouxe benefícios para as famílias. “Esta é uma iniciativa que fortalece a Agricultura Familiar. Lá no Pajeú ampliamos para mais três municípios com o apoio dos sindicatos rurais, graças aos estímulos que vimos recebendo de algumas organizações como a Vert que já assegurou a compra da nossa pluma e ainda nos incentiva com premiações”. A agricultora Adeilma dos Santos Silva, de Ouricuri, em Pernambuco, também festejou a assinatura dos contratos. “Esse projeto veio plantar uma semente em nós. Cabe a nós cultivamos. Estamos conquistando nossa autonomia e estimulando outras famílias a produzirem em consórcios. E a assinatura deste contrato reafirma isso”.

“A Vert Shoes é uma parceira do projeto na perspectiva além da compra do algodão orgânico. Ela dialoga com a estratégia de apoiar os OPACs no âmbito do fortalecimento do Fundo de Incentivo à Autonomia Financeira (FIAF), a partir da premiação pela quantidade de algodão produzido com certificação orgânica participativa. Isso irá fortalecer o funcionamento e autonomia anual das atividades corriqueiras dos OPACs. Os contratos assinados para safra de 2021 representam um esforço do projeto em aproximar as famílias agricultoras no avanço da cadeia de valor do algodão orgânico. Além disso, é fundamental para a mobilização de entrada de novas famílias agricultoras na lógica da certificação orgânica participativa e acesso a mercados. Atualmente a demanda anual da empresa é de 350 t de pluma de algodão orgânico. No entanto, a compra no Brasil representa apenas 40%”, disse Fábio Santiago, Coordenador do Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos pela Diaconia. Para Valdenira Rodrigues, Engenheira Agrônoma e coordenadora do projeto Algodão pela Vert Shoes, “a grande importância desta relação entre a marca Veja/Vert e os contratos firmados diretamente com as associações ou cooperativas que fazem parte do projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos no Nordeste é o encaixe perfeito com a filosofia da empresa no que diz respeito à nossa preocupação com as pessoas e o Meio Ambiente”.

Projeto Algodão em Consórcios Agroecológicos – É uma iniciativa coordenada por Diaconia, em parceria com Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), Fundação Arthur Bernardes (FUNARBE), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento Sustentável (IPPDS), Projeto AKSAAM (Adaptando Conhecimento para a Agricultura Sustentável e o Acesso a Mercados), Universidade Federal de Sergipe (UFS), Instituto SENAI de Tecnologia Têxtil e Confecções, Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), Instituto Brasileiro do Algodão (IBA), Agência Brasileira de Cooperação (ABC), Agricultura Y Ganaderia, Gobierno Nacional, Paraguai de la gente e o Programa Mundial de Alimentos, através Centro de Excelência Contra a Fome (WFP). O projeto conta com o apoio técnico e financeiro da Laudes Foundation.

Para a execução do projeto nos territórios, a Diaconia estabeleceu parcerias com ONG’s locais com experiência em Agroecologia que são responsáveis pelo assessoramento técnico para fortalecer os OPAC’s e a produção agroecológica.

No Sertão do Piauí, a Cáritas Diocesana de São Raimundo Nonato desenvolve as atividades na Serra da Capivara. No Sertão do Cariri, na Paraíba, o trabalho está sendo realizado pela Arribaçã. No Sertão do Araripe, em Pernambuco, as ONG’s CAATINGA e Chapada assumiram conjuntamente as ações do projeto. As atividades no Alto Sertão de Alagoas e no Alto Sertão de Sergipe estão a cargo do Instituto Palmas e do Centro Dom José Brandão de Castro, respectivamente.

No Sertão do Pajeú (PE) e no Oeste Potiguar (RN), territórios onde a Diaconia já mantém escritórios e atividades, ela mesma se encarrega da implementação das ações locais do projeto.